O Diário de um Missionário
Ao procurar palavras para explicar a experiência missionária realizada em Monte Negro-RO, entre o período de 27 de dezembro de 2013 à 27 de janeiro de 2014, vem à tona várias experiências vividas e compartilhadas por cada missionário que esteve nesta experiência, sendo que cada um pôde experimentar em sua própria missão, cuja importância se dá dentro do processo formativo presbiteral, também não se pode ignorar o crescimento pessoal e espiritual levando a uma aprendizagem, no que se refere a própria vida do missionário, assim como, o encontro com pessoas em diferentes níveis culturais, enriquecendo a intimidade com Deus por meio da missão em relação com o outro.
Ao chegar a Rondônia rondava uma preocupação no que diz respeito ao novo, ou seja, aquilo parecia estranho, outro mundo, estava ali carregando o peso pré-formado na cabeça dessa região, diante de todas essas coisas, apenas havia lugar para obediência que foi assumida e aceita implicitamente, ao dizer sim ao chamado de Cristo. As dificuldades já pareciam juntas às primeiras horas, muito calor no seminário, o qual hospedou os missionários em Porto Velho, mas o que de fato preocupava era ansiedade que inquietava o coração marcado pelo ardor missionário que circundava a saudade de casa. No dia seguinte houve a missa de envio na Catedral de Porto Velho, logo em seguida, o grupo de missionários se dirigiu para o tão esperado município de Monte Negro, onde se realizou as missões. A grande novidade se dá quando fomos direcionados para as comunidades, nas quais, iríamos trabalhar.
Era véspera de ano, o medo povoava a cada um de nós, mas ao mesmo tempo à vontade de encarar os desafios e com eles aprender eram transcendentes. Ao vê casas construídas de madeira, pedia a Deus que não me mandasse ficar hospedado nelas, no entanto, para o meu desconforto foi justamente para uma casa de madeira que me mandaram, e, para minha surpresa foi ali que me senti bem, era como fosse a minha casa, ao reparar a família sair de suas camas e foram dormir no chão para ceder o lugar aos missionários. Esse fato se assemelha ao evangelho de Jesus Cristo segundo Mc 12,38-44, da viúva pobre que doa duas pequenas moedas, mas era tudo que ela tinha a oferecer ao Senhor, senti-me um verdadeiro mensageiro de Jesus no real sentido da palavra naquele momento, para aquela família levávamos Cristo e sem saber, mas eram eles quem nos traziam o Cristo com sua simplicidade, com seu jeito humilde de ser. Além destas experiências pessoais que tive, ainda partilhamos entre nós seminaristas, tantas outras que levaremos para o resto de nossas vidas. Aprender a visitar as pessoas, saber como evangelizar, não chegar à casa da pessoa analisando o que há de errado em sua vida, não o condenando-os e pregando logo “de cara” a doutrina da Igreja, mas muito mais, ouvindo, escutando, aprendendo com essas pessoas que tiveram uma diferente forma de vida, uma história marcada pela migração, luta, dor e sofrimentos, mas que ao mesmo tempo podia perceber aquela chama de fé acessa em cada um que já viveram mais do que nós vivemos, que tem um ponto de vista diferente desse mundo e do que é realmente “VIDA SEMPRE COM DEUS”.
Várzea Grande, Mato Grosso, 19 de Fevereiro de 2014.
Vinícius Antônio Ribeiro dos Santos
Seminarista do 1º Ano de Filosofia